segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ninho



Meu ninho já não me pertence mais. Na verdade nunca pertenceu e só agora começo a ver que vivia uma vida inventada, uma vida forjada e com experiências alheias da qual julgava serem minhas. Eu vivia pelos outros e me conformava com isso. Talvez por não saber o quanto é bom e doloroso viver para si e o quanto me dedicando a mim, ganho muito mais e me realizo muito mais.
Não dá para tachar de egoísta a quem se doou completamente. Acontece que a gente cansa... A gente cansa de nunca ser reconhecido, compreendido, aceito... A gente cansa de ser pisado, maltratado, mal falado... Ninguém é tão apático ao ponto de aguentar tudo isso durante muito tempo quando se é jovem, e se aguenta, é porque já tá meio morto, apodrecido por dentro, como eu mesma já estava ficando. Nem eu imaginava o quanto seria difícil...
 Não lembro o que foi que me fez despertar pela ânsia por liberdade, talvez aquele velho instinto natural que clama o tempo todo por independência. Acontece que o meu ninho já estava me sufocando, me mutilando, me enlouquecendo. Já não tinha mais novidade e a rotina já estava esquartejando todos os meus sentimentos e sentidos.
Eu precisava voar. Eu tinha asas, elas já estavam crescidas. Mas aqueles que deveriam me incentivar a voar pelos mais belos horizontes eram os que estavam arrancando minhas penas, uma a uma, para que eu não pudesse voar para longe deles.
Acho que percebi a tempo. Ainda estou treinando. Mas quando decidi que era a liberdade o meu complemento, me joguei do ninho. Doeu. Me machuquei, gemi, gritei. E por não ter o costume de ver a liberdade, ela ofuscou meus olhos. Mas agora já consigo enxergar, e o pouco que já posso ver, é a coisa mais bela e pura que já pude presenciar.
Eu me vi! Eu me vi não como quando se olha no espelho. Eu me vi por dentro. Eu conheci uma estranha que morava em mim há tanto tempo e nunca tinha se apresentado e que agora me completava e me preenchia. Ela que era de fato eu. A outra era apenas um fantoche, um acessório...
Estou, aos poucos, me adaptando a minha nova carcaça de sonhos e de ideais. A vida é dura e difícil, mas quando é você mesmo quem pode trilhar seus caminhos e fazer sua própria história esse peso vira autoral e de total responsabilidade sua, por isso, faça jus ao tempo que lhe foi dado. A gente só sente, de fato, o peso da liberdade quando somos privados dela.
Nada é perfeito e aquela quase morta em vida, renasceu!

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