sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ainda

Estou escrevendo um romance
da vida que não pude fazer
da vida que passei de relance
do ócio que não pude mais ter

Dos dias sempre iguais
com cores e dores diversos
com cenas nada normais
e os atores mais perversos

Uma vida quase inventada
por alguém que não sabia nada
e procurou um caminho errante
nas barbas de um coadjuvante

Que bela história cantada
com parte da vida mutilada
que em nenhum livro se lê
e só no dia a dia se vê

As dores mais profanas
os risos de maior escárnio
nada me tira as lembranças
do que foi o meu maior estrago.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sambinha Descompassado














Qual é a sua de ainda achar que eu tô na tua?
teu tempo já passou
o meu amor acabou
por culpa sua

Com sua primitiva idéia
de manter a fama de mal
tudo o que falas é balela
e você não passa de um normal

Quanto esforço pra me ter
até se transformou em alguém
que não é você

Mas agora eu já sei
quem você é de verdade
vai esperando meu bem
por que você vai ficar só na saudade

Não adianta nem tentar me convencer
de que é você que vai me fazer feliz
eu quero mais é esquecer

Te dei a chance
você desperdiçou
e agora amor
você dançou!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

*Amor Vadio



Esse amor é coisa louca
que me bate, tira a roupa
numa transfusão de sentidos
procurando todos os motivos
pra se realizar...
coisa doida, coisa cara
que machuca mas logo sara
é uma espécie de redenção
sou sua escrava, sua dona
sua menina, sua matrona
num jogo de existir
nada em troca, tudo vale
para que ele cresça e repare
que só tem valor em mim.

*Já publicado no fanzine e blog da revista claraboia: http://revistaclaraboia.blogspot.com

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Quem sou?


Às vezes, colocam-me em apuros
olham-me, observam-me
como se quisessem saber
quem realmente sou

Mas escondo-me, incomodo-me
não quero que vejam minha alma
tenho medo de que possam decifrá-la

Minhas mãos...
não sei onde colocá-las
parecem não fazer parte de mim
parecem me revelar

Olho para minhas unhas
como se procurasse respostas
ou como se embaixo delas
se escondesse 
alguma espécie de verdade

Desvio os olhos
pois eles também podem me delatar
talvez até mais que qualquer ação

Tenho medo de ser observada
não quero que me incitem
a me transformar no que não quero ser
talvez eu já seja o que não quero
e tenha medo de ser o que sou
por isso receio que me descubram
que sou feita de aparências
presa dentro de mim

Às vezes, sou eu que me coloco em apuros
pois quero me libertar, me envolver, gritar
e só então percebo que não sou dona de mim
que sou a menor parte
entre outras que também são eu
que luto por um lugar
em um corpo que me pertence
que sinto a dor de todos
enquanto os outros alegram-se por mim

Venturas imagináveis, melancolias reais
sou eu sem saber quem sou!

sábado, 7 de agosto de 2010

Talvez

















Não sei o que quero...
na verdade sei, mas não quero admitir.
Talvez eu queira mesmo viver assim...
sem depois, sem além, só nós dois,
sem medo, sem perguntas, sem rodeios
no final consumado, sem galhos, sem tretas,
só na paz, no ápice, no transcendente,
no batente, no carnal, 
corporal, magistral, inconsequente.
Talvez eu seja mesmo assim...
Porque querer a eternidade ao perecível?!
Talvez eu o ame, o odeie, o meio termo
talvez meu ideal seja mais real do que imaginei
talvez eu nem tenha um ideal
talvez eu o queira mais do que a mim
talvez eu o tenha e prefira ficar comigo
talvez esse mundo não seja tão grande
e nem a vida algo terminável
talvez eu caia sempre nesse mesmo vil pecado
e morra sempre com o teu veneno
talvez o talvez se torne certeza
e a certeza uma Tereza!
Talvez eu até morra: de amor e de dúvidas!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Curiosa

















Eu pessimista?
sou o retrato da minha época
sou espelho da grande massa
passando em um rolo compressor

Eu depressiva?
busco sempre a felicidade
mas me ensinaram que ela é eterna
quando a acho ela nunca me enxerga

Eu insegura?
me disseram que não possuo
o padrão das estrelas da televisão
mas ao meu redor ninguém se encaixa

Eu ser pensante?
penso que nada que quero bate
com as imposições da sociedade
me resta então viver à margem.

domingo, 1 de agosto de 2010

O tempo é implacável!


O tempo é implacável! Não há quem ainda não tenha dito isso. A sensação de vê-lo escorrendo pelas horas dos dias, trás igual sentimento a todos. Um leve desespero, um frio nas entranhas, certa insegurança...
As fotos mostram-nos o que já não somos, meros estranhos. Não nos reconhecemos. Sabemos que ali estamos representados, mas não nos sentimos mais. Há uma espécie de dormência...
E aqueles da qual fizeram parte de nossas vidas? Como estarão? Talvez não queiramos de fato saber. Queremos sim imaginar que eles talvez, de vez em quando, pensem em nós.
Há a ausência do tempo perdido, do tempo que não foi vivido, que não soube se realizar. Há o arrependimento da não ação, da demasiada indagação, da falta de credibilidade em si mesmo. Somos tão frágeis, tão passageiros, meros coadjuvantes de um imenso espetáculo. Às vezes somos apenas espectadores sem falas, sem ação, sem diferença... Há sentido? O que há é procura, desespero, dúvidas...
Pelas lágrimas que já gastei, pelos risos que espalhei, pelos abraços e beijos que dei: Tudo vale à pena! Mesmo a vida sendo um grande palco e a tua contribuição pequena!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
 

Sample text

Sample Text

Sample text