segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Dance
Dança, balança, se agita
esse seu gingado
tem o cheiro do pecado
e um ritmo que é só seu
Movimentos com lentidão
esse mexer que alucina
luz na escuridão
vem ser meu guia, minha sina
Observar é o melhor ângulo
atônita, parada, pensando...
o que esse ser me faria
se pudesse me possuir
gostaria de descobrir
mas coisa louca assim delirante
não pode ser mais que um instante
de alguém ou de um lugar
Ele é itinerante
vai em busca do luar
pros seus passos poder mostrar
e a todos fascinar.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
*Atestado do Óbvio
ou melhor, inutilidade
declaro para todos os fins
que a vida é um grande sarcasmo.
Declaro tão somente
e com todo o respeito que não tenho
que tudo aquilo que nos fere
serve inevitavelmente
para nosso deleite e
para nossa autoafirmação.
Eu, que não possuo moral alguma
digo que tua vida não tem função
a não ser, à contemplação.
Pela minha vasta inexperiência
em assuntos corriqueiros
e minha grande experiência
por aquilo que nunca vi
digo e repito:
que tudo merece ser experimentado
e usado até o ponto de total desgaste
pra no final ser apenas comentado.
Assim, fica o registro
de uma óbvia mortal
que não sabe o que fazer da vida
que usa as palavras com desdém
e mesmo assim se acha no direito
de ser alguma coisa pra alguém.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
*Incógnita
Me dei conta de que não me tenho
e quando tenho não me obedeço
e quando me obedeço, me desminto
e quando me julgo, me desconheço
O lado vadia, louca, vingativa
insiste em me afogar
o lado criança, meiga, emotiva
vive a me afugentar
Desconheço a estabilidade
a força de vontade
e tudo o que se chama
de normalidade
Tenho tudo de incerto
de funesto e indeciso
tenho tudo o que quero
e é tudo o que preciso!
*Já publicado no fanzine e blog da revista claraboia: http://revistaclaraboia.blogspot.com